08.11.2022 - Estudo Espírita: Bem-aventurados os que têm fechados os olhos
Sobre a evocação
"Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação". (Kardec, O livro dos médiuns, cap. XXV, item 269)
Toda gente pode evocar os Espíritos (não somente médiuns) e, se aqueles que evocares não puderem manifestar-se materialmente, nem por isso deixarão de estar junto de ti e de te escutar.
Nem sempre o espírito evocado pode atender o chamado. Isso depende das condições em que se encontre, porquanto há circunstâncias em que não o pode fazer, por exemplo: se se acha encarnado, as missões de que esteja encarregado ou, ainda, o lhe ser, para isso, negada permissão.
Kardec, no Livro dos Médiuns, nos nos diz que na reunião mediúnica são necessárias tanto as manifestações espontâneas, quanto as por evocação. Mas deixa alguns alertas:
Isolados, os médiuns, sobretudo os que começam, devem abster-se de tais evocações. (Item 278.)
E nos conta em outro trecho, uma possível consequência da evocação feita fora da reunião mediúnica, por médium ainda não preparado adequadamente ao trabalho, podendo acarretar em obsessão, fascinação.
212. (...) Algumas pessoas, na impaciência de verem desenvolver-se em si as faculdades mediúnicas, desenvolvimento que consideram muito demorado, se lembram de buscar o auxílio de um Espírito qualquer, ainda que mau, contando despedi-lo logo. (...) Diversas conhecemos que foram punidas da presunção de se julgarem bastante fortes para afastá-los quando o quisessem, por anos de obsessões de toda espécie, pelas mais ridículas mistificações, por uma fascinação tenaz e, até, por desgraças materiais e pelas mais cruéis decepções. (...)
Comunicação de Curé D’Ars
O Espírito de Jean Baptiste Marie Vianney (Curé D’Ars) orienta a mulher cega que ore e espere. Com humildade, o Espírito diz que não é ele quem realiza os milagres, e que essas curas devem ser creditadas a Deus, que as permite e opera. O Espírito indica à mulher cega que faça a seguinte prece, para lhe dar força e coragem:
Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste.
Esclarece, também, que os cegos devem se considerar bem-aventurados da expiação, pois a falta da visão do corpo ajuda a se concentrar nas coisas da alma, percebendo o mundo com maior sensibilidade, enxergando muitas vezes mais do que os que possuem a visão límpida. E afirma:
Oh! bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Crede-me, bons e caros amigos: A cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com frequência, o anjo tenebroso que conduz à morte. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus.
Ao final, o Espírito Curé D’Ars orienta novamente que a mulher cega tenha bom ânimo, que ore, e que pense em sua prova como proteção da sua falência reencarnatória.
As Bem-aventuranças
Bem aventurados os aflitos (os que choram), pois serão consolados.
Embora este texto do Evangelho Segundo o Espiritismo tenha por título "Bem-aventurados os que têm fechados os olhos", ele não faz parte das bem-aventuranças ditas por Jesus. Trata-se de uma licença poética de Kardec, pela natureza semelhantes que as mensagens possuem.
Em Instrumentos do Tempo, Emmanuel nos conta quem são os aflitos:
Os aflitos classificam-se em variadas expressões. Temos aqueles que choram por se sentirem inibidos para a extensão do mal. Há quem se torture por não conseguir vingar-se. Existem os que se declaram infelizes com a prosperidade do próximo e se enfurecem com a impossibilidade de lhes ultrapassar o progresso econômico ou espiritual.
Aparecem aqueles que se afirmam desditosos por não poderem competir com o luxo de quem se confia à extravagância e à loucura. Surgem muitos em lágrimas de inveja e despeito, à frente dos vizinhos, interessados na educação e na melhoria da vida. Há quem se revolte contra as bênçãos do trabalho e vocifera em desfavor da ordem que lhe assegura as vantagens da disciplina. Muitos exibem chagas de inconformação, ante o sofrimento que eles próprios improvisaram.
Há infinitos gêneros de aflição no vasto caminho da vida. E, por isso, nem todos os aflitos podem ser aquinhoados com a glória da bem-aventurança. A palavra do Cristo se dirige àqueles que fizeram da dor um instrumento para a elevação de si mesmos, assim como o artista se vale da pedra, a fim de burilar a obra prima de estatuária.Acautela-te, se conservas alguma aflição particular. A angústia, muitas vezes, pode ser antecâmara do desequilíbrio. Converte o teu problema ou a tua mágoa em motivo de superação das próprias fraquezas, à maneira do lidador que aproveita o obstáculo para atingir os seus mais altos objetivos, e então terás convertido as inquietações do mundo em bem-aventuranças para a felicidade sem fim.
Importante observarmos aqui que nem todos os aflitos serão consolados. Depende do porque a se sofre, e de como se passa pelo sofrimento. Veja essa outra mensagem de Emmanuel, do livro Reconforto:
A provação é um desafio que poucos suportam, lição que raros aprendem. Depois de regulares períodos de paz e ordem, a alma é visitada pela provação que, em nome da Sabedoria Divina, lhe afere os valores e conquistas.
Raros, porém, são aqueles que a recebem dignamente. O impulsivo, quase sempre, converte-a em falta grave. O impaciente faz dela a escura paisagem do desespero, onde perde as melhores oportunidades de servir. O triste desvaloriza-lhe as sugestões e dorme sobre as probabilidades de autossuperação, em longas e pesadas horas de choro e desalento. O ingrato transforma-a em calhau com que apedreja o nome e o serviço de companheiros e vizinhos. O indiferente foge-lhe aos avisos como quem escapa impensadamente da orientadora que lhe renovaria os destinos. O leviano esquece-lhe os ensinamentos e perde o ensejo de elevar-se, por sua influência, a planos mais altos.
O espírito prudente, entretanto, recebe a provação qual o oleiro que encontra no fogo o único recurso para imprimir Se a tempestade purifica a atmosfera e se o fel, por vezes, é o exclusivo medicamento da cura, a provação é a porta de acesso ao engrandecimento espiritual.
Só aqueles que a recebem por esmeril renovador conseguem extrair-lhe as preciosidades.
É por isso que nem todos os aflitos podem ser bem-aventurados, de vez que, somente aproveitando a dor para a materialização consistente de nossos ideais e de nossos sonhos, é que se nos fará possível encontrar a alegria triunfante do aprimoramento em nós mesmos, a que somos todos chamados pela vida comum, nas lutas de cada dia.
Mas quem, então será consolado? Vejamos esse trecho da mensagem de Joanna de Angelis, do livro Celeiro de Bênçãos:
(...)
Nicodemos possuía dúvidas honestas - foi esclarecido.
Marta inquietava-se no afã do zelo exagerado - recebeu diretriz;
Zaqueu dispunha de moedas azinhavradas - trocou-as pelos tesouros imperecíveis.
Madalena fossilava na perversão obsidente - conseguiu curar-se.
Antes, aflitos, abriram-se ao consolo vertido das mãos de Jesus Cristo.
Indispensável valorizar a aflição, sopesando-a com discernimento, de modo a conduzi-la às fontes inexauríveis do Evangelho em clima de serenidade, respeito e amor. Ali, todas as dores se acalmam, todas as lágrimas se enxugam, todos os aflitos são consolados.
Lembrando que "os olhos são inúteis quando a mente é cega", que tenhamos todos o melhor aproveitamento de nossas provações, entendendo que a verdadeira vida é a do espírito. Que saibamos todos aproveitar esta encarnação da melhor forma possível, com Jesus no leme, nos entregando ao evangelho de Jesus e à Oração nos seus piores momentos, mantendo a fé e a vontade de viver.
Recordamos uma música, de Luiz Antonio Millecco, que foi criada para ser utilizada como um mantra, nos momentos difíceis, quando o corpo está cansado e a alma sofre.
Eu canto
Refrão:
Meu corpo está cansado
E eu canto, eu canto, eu canto
Minha alma está sofrendo
E eu canto, eu canto, eu canto
Meu canto é como um pássaro ferido
Que sangra, mas voa
Meu canto fala como a voz do sino
Que flange, ecoa
(Refrão)
Eu canto mas meu canto não me ilude
Pois clama e chora
Meu canto não desdenha a noite escura
Pois sente aurora
(Refrão)
Vídeo da música:
https://www.youtube.com/watch?v=VsinzGBfNts&t=1sQue Deus abençoe a todos nós,
Jaqueline Mafra
Parabéns Jack !!! Muito bom. Confesso que também não lembrava desta passagem no Evangelho. E terminou com chave de ouro com a música do Mileco.
ResponderExcluirParabéns Jaque pelo estudo que nos trouxe, foi maravilhoso e aprendemos mais um pouco. Muito importante o que vc mencionou sobre evocação. Estudo dinâmico e emocionante.
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