Estudo de Umbanda: Obaluaê

26.02.2019 - Estudo de Umbanda: Obaluaê

Segundo a definição de Ramatis, pelo médium Norberto Peixoto:

"Orixás são forças da natureza, energias cósmicas provindas do Criador. Portanto, não os incorporamos nem eles apresentam características humanas, como vaidade, ciúme, sensualidade e raiva. Quem se manifesta nos terreiros de umbanda são espíritos desencarnados que têm afinidade com determinado Orixá e formam as chamadas linhas vibratórias.”

Nesse sentido, não podemos creditar aos orixás qualquer tipo de influência negativa, desequilíbrios, desarmonias, conflitos ou doenças. O Espiritismo e a Umbanda nos ensinam que qualquer experiência dolorosa do homem é fruto de suas escolhas no presente ou no passado; escolhas essas que geram consequências. O plantio é sempre livre, mas a colheita é obrigatória.

Esses conceitos básicos são importantes para compreendermos a figura tão temida e incompreendida de Obaluaê na Umbanda. Na língua iorubana, Obaluaê significa rei e senhor da terra. Orixá associado à morte física, mas também ao encaminhamento das almas que desencarnam. Muitos associam este orixá à doença. No entanto todos esses atributos devem ser considerados sob o ponto de vista simbólico. O arquétipo principal associado à Obaluaê é a transformação.

Obaluaê é o senhor da evolução, que traz o poder de curar a alma humana. Essa cura pode se dar pela sabedoria ou pela dor. No primeiro caso, o homem usa seu livre arbítrio para corrigir suas imperfeições e gradativamente vai alcançando a sua libertação moral e espiritual. O segundo caso é aquele em que o homem, renitente no mal, somente faz o movimento de transformação tangido pela dor moral e muitas vezes física. A morte nada mais é do que uma transformação. Pode ser a morte do homem velho, cheio de vícios ou a morte física, que marca o fim de mais um ciclo de oportunidades para a alma imortal que desencarnou. Mas também o início da colheita no plano astral dos atos e pensamentos que a alma cultivou naquela encarnação.

Os espíritos que atuam sob a vibração de Obaluaê, portanto, trabalham nos processos de desencarne e reencarnação. A doença tem a ver com processos cármicos acumulados em vidas passadas. Muitas vezes esses espíritos são mestres em aliviar, atenuar ou até curar as doenças físicas, tendo em vista a mudança moral da pessoa, o mérito e ingerências cármicas. Esses espíritos não causam as doenças, mas podem curá-las, muito embora, a principal cura para o espírito seja a cura moral.

Os espíritos associados à energia de Obaluaê são espíritos de alta elevação moral e conhecimento das Leis Divinas. Essa intensa luz que emana destes trabalhadores, em geral, tem um impacto na mente humana, porque traz à tona os vícios morais e mazelas da alma, mesmo que de forma inconsciente. No plano simbólico é como se a luz de Obaluaê nos revelasse a nós mesmos as nossas imperfeições humanas que tentamos esconder dos homens, mas sabemos que não podemos esconder de Deus e de seus emissários.

Geovaneli